13 de out. de 2011

Monteiro Lobato e a divulgação científica na obra O poço do Visconde

Texto de Andréa da Motta Monteiro, publicado originalmente na Revista Fractais e publicado neste blog com a autorização expressa da autora.

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Através da obra O poço do Visconde, publicada em 1937, por José Bento Monteiro Lobato é possível observar como a literatura pode ser instrumento de divulgação científica

           A revista Isto É publicou em 26 de abril de 2006, uma edição especial intitulada “O petróleo é todo nosso”. Os artigos nela publicados comemoravam os 58 anos de fundação da Petrobras S/A e a declaração do governo federal de que o Brasil já era auto-suficiente em produção petrolífera. Este fato fora, no entanto, sonhado por José Bento Monteiro Lobato em O Poço do Visconde, obra publicada em 1937. Nesta obra, Lobato apresenta não apenas o seu desejo de ver um Brasil modernizado e rico graças à exploração das riquezas minerais, como também oferece conhecimento sobre geologia ao seu leitor infantil.

          Em 1965, a editora Brasiliense publicou O Poço do Visconde com o subtítulo “geologia para crianças”, o que nos remete imediatamente à função educadora da literatura infantil e juvenil, sobre a qual escreve Nelly Novaes Coelho em um capítulo intitulado “Literatura infantil: arte literária ou pedagógica?”. A autora estabelece ali uma comparação entre a ideologia de que “literatura seja apenas entretenimento” e aquela que entende a possibilidade de o texto literário oferecer “fatos cientificamente comprováveis ou situações reais, acontecidas e irrefutáveis...”(COELHO, 2000, p. 47). O que se percebe, no entanto, nos textos infantis, é uma combinação entre essas duas ideologias, que foi muito bem aproveitada por Monteiro Lobato em suas obras.

          A literatura infantil sempre esteve relacionada ao entretenimento e ao aprendizado dos pequenos leitores, ainda que os primeiros textos não fossem verdadeiramente destinados ao público infantil, mas adaptações de obras adultas clássicas. Discutiu-se durante muito tempo se este gênero deveria valer-se do registro realista ou do fantasioso, entendendo-se aquele como o testemunho da vida real e este o resultado da intencionalidade criadora (COELHO, idem, p. 51). Em O poço do Visconde, Lobato encontra o equilíbrio entre a realidade e a fantasia, o entretenimento e a informação. Através desta obra, o autor informa o seu leitor sobre a formação do solo e a possibilidade de exploração de petróleo em solo brasileiro, tema já abordado por ele em A crise do petróleo e do ferro (1936). Neste texto, o autor fazia uma crítica à burocracia que impedia a perfuração de poços petrolíferos, embora houvesse estudos sobre este assunto desde o século XIX – a primeira citação sobre petróleo aparecera em um decreto imperial de 1864, concedendo ao inglês Thomas Denny a permissão para extrair minerais do solo brasileiro (ISTO É, 2006, p. 16).

          Em O poço do Visconde, o escritor retoma o tema da exploração de petróleo em um texto cujo público-alvo é infantil; no entanto, antes de apresentar ali seus questionamentos sobre o assunto, Lobato explica aos seus pequenos leitores o que é a ciência chamada Geologia e qual é o seu objeto de estudo. O autor o faz através do Visconde de Sabugosa, que se coloca diante de uma pequena platéia arrumada como alunos em sala de aula:

– A Geologia é a história da Terra. Tudo que aconteceu desde o nascimento desse nosso planeta se acha escrito nas rochas que o formam. A Terra é uma rocha, uma bola de pedra.

(...) A Terra começou, portanto, sendo uma boleta de fogo no espaço (...) e foi se resfriando (...) porque a tendência “do calor é resfriar-se”. (idem, p. 9)

            Páginas adiante, o autor explica o processo de erosão, o que são rochas sedimentares; tece considerações sobre pressão, cimentação e metamorfismo e, ainda explica o que são fósseis. A partir daí, começa sua explanação sobre a origem do petróleo.

– As rochas são túmulos de vidas passadas. Nelas encontramos fósseis de plantas e animais que levam os geólogos a mil conclusões sobre a história da Terra. (...) Nas escavações para petróleo os geólogos encontram restos fósseis de animálculos e de plantas marinhas – como as diatomáceas, algas de células revestidas duma película de sílica. (...) Essa matéria orgânica dos animálculos, muda-se numa porção de coisas que no momento não nos interessam e mudam-se também no que mais nos interessa: o petróleo. (idem, p. 15)

Lobato não só explica a origem do petróleo e a perfuração dos poços, como também aborda a questão de seu esgotamento e seu desejo de ver o Brasil auto-suficiente:

          O Brasil, pois, deve ir se preparando para fornecer petróleo para os Estados Unidos, depois de abastecer-se a si próprio. (...) No dia em que isso acontecer e o Brasil passar de comprador a vendedor de petróleo, então deixaremos de ver essa coisa tristíssima de hoje – milhões de brasileiros descalços, analfabetos, andrajosos – na miséria. (idem, p. 29)

Não apenas em O poço do Visconde, Lobato promove divulgação científica, embora essa expressão sequer apareça em suas obras. Em Viagem ao céu, texto publicado em 1932, apresenta lições de astronomia; em Serões da Dona Benta, a avó de Pedrinho e Narizinho dedica-se a descomplicar a linguagem científica e ensina física às crianças; em História das invenções, Dona Benta conta como surgiram o telefone, o automóvel, as hidrelétricas e as batedeiras de bolo. Na história da literatura, Monteiro Lobato não é o único a falar sobre ciência. Júlio Verne, de quem o brasileiro provavelmente era leitor, também o fizera com sua infinidade de obras que anteciparam eventos científicos que, em muitos casos, levaram mais de cem anos para se tornar realidade.

          Lobato, Verne e outros autores promoveram o diálogo entre entretenimento e informação, realidade e fantasia, arte literária e ciência, adaptando o mágico do imaginário literário a um mundo de avanços científicos e pensamento lógico.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

COELHO, Nelly Novaes. Literatura infantil: arte literária ou arte pedagógica?. Literaturainfantil: teoria, análise, didática. São Paulo: Moderna, 2000. p. 46-61

LOBATO, Monteiro. O escândalo do petróleo e do ferro. São Paulo: Brasiliense, 1951.

________________. O poço do visconde. São Paulo: Brasiliense, 2004.

REVISTA ISTO É. O petróleo é todo nosso. São Paulo, Três, 26 abr. 2006. Edição especial.

5 de out. de 2011

Steve Jobs: nada é por acaso

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          Poderia dizer muitas coisas a respeito de Steve Jobs – odiado por uns, amado por muitos. Podeira escrever linhas e mais linhas de um sujeito estranho, que foi o precursos da tecnologia moderna, estando sempre na vanguarda de seus concorrentes - Bill Gates que o diga - e inovando, e muito, em conceitos que para muitos seria algo completamente impossível de idealizar.

          Lembro de um famoso discurso que assisti no Youtube a algum tempo, em que ele falou sobre ‘ligar os pontos’ e deu o exemplo de sua vida… filho adotivo, não fez faculdade, mas dedicou-se muito às suas convicções. Deixou um legado incrível, uma visão e determinação sem igual. Ligar os pontos é algo como ‘nada acontece por acaso’, Com ele não foi diferente.

          Adeus, Jobs! E obrigado por me mostrar que nada é por acaso… temos sempre que ‘ligar os pontos’.

27 de set. de 2011

Como enlouquecer um gato…

 

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26 de set. de 2011

Copa do mundo: a experiência sul-africana

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Em uma matéria do jornal alemão Deutsche Welle, a jornalista Nádia Pontes descreveu a frustração do povo sul-africano com a copa do mundo e suas desilusões após um ano do evento (Leia o texto da Deutsche Welle na íntegra aqui).

Assim como a Grécia e a Espanha não tiveram o retorno turístico previsto ao sediarem mega eventos como Olimpíadas e Copa do Mundo, a África do Sul amargou prejuízo exorbitante com retorno de apenas 10% do previsto inicialmente. No resumo da ópera, ficou a desilusão e a grande conta que deverá paga pelo povo.

Além o insucesso financeiro, as obras de infraestrutura não trouxeram qualquer beneficio ao povo sul-africano, como fica claro no texto da jornalista, que faz uma ponte ao caso brasileiro.

Dos mais de R$ 20 bilhões previstos para as obras da Copa no Brasil, só para o estado de São Paulo está previsto um gasto de mais de R$ 5 bilhões, ou seja, quase 25% do orçamento total está tomado para gastos com amplicação e melhoria dos aeroportos - que há anos já pedia para ser ampliado, mas por incompetência da Infraero e do Governo Federal ainda não tinha saído do papel –, a construção de um monotrilho que ligue o aeroporto de Guarulhos até o metrô, além da construção do Estádio Itaquerão, um velho sonho da torcida corintiana, que será feita com recursos privados, com incentivos fiscais do município paulistano.

No entanto, centenas de artigos em sites como o Portal 2014 (www.copa2014.org.br), mostram que as obras estão bem atrasadas e que o custo poderá ser muito superior ao levantado inicialmente, principalmente por falta de um plano do governo para o evento.

14 de ago. de 2011

E porque hoje é sábado!

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“Hoje é sábado, amanhã é domingo
A vida vem em ondas, como o mar
Os bondes andam em cima dos trilhos
E Nosso Senhor Jesus Cristo morreu na Cruz para nos salvar.

Hoje é sábado, amanhã é domingo
Não há nada como o tempo para passar
Foi muita bondade de Nosso Senhor Jesus Cristo
Mas por via das dúvidas livrai-nos meu Deus de todo mal.

Hoje é sábado, amanhã é domingo
Amanhã não gosta de ver ninguém bem
Hoje é que é o dia do presente
O dia é sábado.
Impossível fugir a essa dura realidade
Neste momento todos os bares estão repletos de homens vazios
Todos os namorados estão de mãos entrelaçadas
Todos os maridos estão funcionando regularmente
Todas as mulheres estão atentas
Porque hoje é sábado.”

 

          Esta é a primeira parte do eterno poema ‘O Dia da Criação’, de Vinícius de Moraes. E porque ontem foi sábado, me dei o luxo de fazer algumas coisas que há muito não fazia, como não sair de casa e não ler qualquer coisa relacionado ao trabalho, apreciar algumas boas taça de vinho argentino (Finca La Linda Malbec), molhar o jardim no final da tarde e ter o prazer de sentir o delicioso cheiro de terra molhada, além de dormir até mais tarde, sem culpa do ‘pecado’.

          Na semana passada, fiz a mesma coisa. Com algumas atividades um pouco mais ‘formais’ para um jovem de 36 anos, aproveitei para dar boas baforadas em meu esquecido cachimbo, aproveitei para espiar algumas páginas do livro ‘A democracia na América’, de Alexis de Tocqueville, que comprei para meu amigo José Venâncio de Rezende, deslumbrando-me com o passado distante, quando as questões políticas eram mais ideológicas e menos financeiras.
Mas tudo isso para falar da importância do dia de ‘sábado’, o dia em que “o Senhor das Esferas” resolveu descansar após criar o mundo e tudo que nele há.

          Falar da agitação do dia-a-dia nem é preciso. Vivemos isso na carne há muito tempo... É um vai e vem frenético: os automóveis, as pessoas, a sociedade, o trabalho e tudo o mais. Mas como indivíduo, como ser humano, enquanto pai ou mãe, filho ou filha, marido ou mulher, precisamos desconectar do mundo, do trabalho, das pressões e não fazer nada, pelo menos por um dia na semana. Senão amigo, já dizia Vinícius em ‘Testamento’:

 

Mas você, que esperança...
Bolsa, títulos, capital de giro, public relations
e tome gravata!
Protocolos, comendas, caviar, champanhe
e tome gravata!
Um amor sem paixão, um corpo sem alma, o pensamento sem espírito
e tome gravata!
E lá um belo dia, o enfarte; ou, pior ainda, o psiquiatra!

3 de ago. de 2011

Aplicação de laser n° 5

          No último dia 02 de agosto, fiz a minha quinta aplicação de laser, sendo a segunda feita na clínica Skinlaser, da Dra. Silvia Kaminsky, uma simpatia de pessoa e muito, muito atenciosa.

          Eu até tinha intenção de escrever sobre o dia-a-dia do pós-aplicação, mas ando sem muita paciência de escrever, como fiz nas aplicações anteriores (2005 e 2006), em forma de diário, como poderá ser lido aqui.

          A respeito de todas as aplicações, fiz uma cronologia de fotos e coloquei o Picasaweb do Google e poderá ser visto aqui. É possível ver que desde as primeiras aplicações feitas na Clínica Ibirapuera, o resultado foi surpreendente. Porém, ainda preciso de muitas outras aplicações, talvez umas dez ou quinze mais.

          O que ‘mata’ é a falta de tempo. Além disso, o alto custo torna o tratamento inviável para muitas pessoas. É por esses e outros motivos que a Abraphel está lutando… para conseguir condições em que as pessoas, independente de condição financeira, possam fazer o tratamento custeadas pelo SUS, pois qualquer que seja o hemangioma ou a malformação vascular, não podemos ser taxados como simples casos de estética.

          Vamos à luta, amigos!

22 de jul. de 2011

Preços agrícolas caem 4,72% na segunda quadrissemana de julho

Programa Economia Agrícola

O Índice Quadrissemanal de Preços Recebidos pela Agropecuária Paulista (IqPR), que mede os preços pagos ao produtor rural, caiu 4,72% na segunda quadrissemana de julho, de acordo com o Instituto de Economia Agrícola (IEA-Apta) da Secretaria de Agricultura e Abastecimento. A queda foi puxada pelo índice de preços dos produtos de origem vegetal que recuou 7,33%, enquanto o índice de preços dos produtos de origem animal subiu 2,30%.

Mesmo sem contabilizar a cana-de-açúcar, os índices geral e de produtos vegetais permaneceram negativos em, respectivamente, 2,11% e 6,83%. Já as elevações nos preços dos produtos animais devem-se aos recordes dos preços internacionais de carne de frango, com reflexos internos, e à entressafra que aumentou os preços dos lácteos, dizem os pesquisadores Luis Henrique Perez, Danton Leonel de Camargo Bini, Eder Pinatti, José Alberto Angelo e José Sidnei Gonçalves.

Dos produtos pesquisados, 12 apresentaram queda nos preços (10 de origem vegetal e dois de origem animal), enquanto oito produtos apresentaram alta (quatro da área vegetal e quatro do setor animal). As quedas mais relevantes ocorreram nos preços do tomate para mesa (31,94%); da laranja para mesa (21,52%); da laranja para indústria (9,23%); do algodão (8,33%); da cana-de-açúcar (7,60%) e do café (5,89%).

A normalização da produção do tomate de mesa, após problemas climáticos entre maio e junho, contribuiu para a reversão da tendência dos preços, observam os analistas do IEA. Já a redução expressiva nos preços da laranja de mesa revela uma realidade distinta do ano passado. “Uma safra dentro da normalidade, numa conjuntura de recuo dos preços internacionais, levou à tendência de redução dos preços internos.”

No caso do algodão, a queda nos preços deve-se ao recuo das cotações internacionais, com a normalização da oferta pelas principais nações e o aumento das importações chinesas de têxteis acabados. Por sua vez, o preço da cana-de-açúcar recuou no início da safra, na contramão do alto preço do álcool combustível, “o que conduz às expectativas de elevação do valor da matéria-prima no decorrer da safra”.

Já a queda nos preços do café reflete o recuo das cotações internacionais nas últimas semanas, cujos movimentos foram exacerbados na economia nacional pelo câmbio sobrevalorizado, observam os pesquisadores do IEA.

As altas mais expressivas foram verificadas nos preços da carne de frango (6,56%); do leite C (5,96%); dos ovos (5,61%); do leite B (5,30%) e do milho (3,27%).

Veja a íntegra da análise aqui.

Fonte: Assessoria de Comunicação da APTA (www.apta.sp.gov.br).

9 de jul. de 2011

Nasce um novo país, líder mundial em pobreza

 

Fonte: AP

Sudão do Sul, um país que já nasce liderando uma estatística negativa: o mais pobre do mundo! Realidade triste e constrangedora para o mundo.

Após várias décadas em guerra, por motivos religiosos que, no fundo, era mais por poder econômico (poços de petróleo, gás natural da região, dentre outras riquezas) do que pela religião propriamente dita, Sudão do Sul proclamou-se independente.

Com população em cerca de 8,2 milhões de pessoas, de acordo com o senso realizado em 2008, o país não tem acesso a serviços básicos de saúde, água e alimentos. Para desespero da humanidade, o novo país dividirá com Somália e Afeganistão, os piores indicadores sociais do mundo.

Não sou um estudioso em política, mas o fato do país nascer e já ser presidido por um general (Salva Kir), já é um pretexto para a ditadura instalada na região.

Não sei qual a proposta da ONU e dos países ricos para o novo país, mas em se tratando da crise financeira mundial, sei que não haverá espaço para a região e, principalmente, para o Sudão do Sul, enquanto os líderes mundiais se preocuparem com empresas e instituições, deixando o ser humano em segundo ou terceiro plano.

Aliás, isso me lembra a resposta do Cristovão Buarque em uma conferência, quando questionado sobre a internacionalização da humanidade e, em um dos trechos de sua eloquente fala disse "Quando os dirigentes tratarem as crianças pobres do mundo como um patrimônio da Humanidade, eles não deixarão que elas trabalhem quando deveriam estudar, que morram quando deveriam viver.".

Tudo que podemos desejar ao novo país e ao seu povo é a felicidade por sua independência, e os sinceros votos de desenvolvimento para o povo, com saúde, educação, habitação e saneamento básico para todos!

E viva o povo sul-sudanês!!!

22 de jun. de 2011

As agruras da Lei 12.401/2011


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Foi publicada recentemente a Lei n. 12.401/11, que altera a Lei n. 8.080/1990, para dispor sobre a assistência terapêutica e a incorporação de tecnologia em saúde no âmbito do Sistema Único de Saúde – SUS. A proposta desta lei foi a fusão de duas proposas distintas, uma do Senadores Flávio Arns e outra do Senador Tião Viana.
A princípio, a proposta do Sen. Flávio Arns tinha uma justificativa plausível, que visava realmente nortear e resolver os diversos problemas dos usuários de medicamentos e tratamentos de doenças raras sofrem, na busca das premissas do direito constitucional que assegura tais tratamenttos. Na justificativa, Arns  foi plausível:
O presente Projeto de Lei surge da vontade da sociedade civil em buscar uma solução para o impasse enfrentado por inúmeros usuários de medicamentos excepcionais não contemplados nas tabelas do Ministério da Saúde ao tratamento de suas doenças, os quais são obrigados a buscar a tutela judicial para a sua obtenção. No fundo, em nosso país, a questão de medicamentos suscita um embate entre Direito Financeiro versus Direito Fundamental. (PLS n. 338, de 2007).
Já o Projeto do Sen. Tião Viana é bem mais pragmático com questões financeiras e de controle, uma vez que enseja controlar todos os tratamentos e vetar o custeio daqueles que nao possuem protocolos clínicos ou que não tenham registro no órgão público brasileiro competente. Outro fator relevante, é o veto para tratamentos que visem  padrões estéticos onde, segundo o texto do projeto, entende-se:
…para fins estéticos ou embelezadores é aquele realizado com o objetivo de corrigir alterações de partes do corpo decorrentes do processo normal de envelhecimento ou de alterar variações anatômicas que não causem disfunções orgânicas, físicas ou psíquicas. (PLS n. 219, de 2007).
Seria cômico se não fosse trágico, mas o projeto final desta lei reuniu o que era bom no projeto do Sen. Arns e conseguiu transformar em algo negativo. Também pegou o que há de pior no projeto do Sen. Viana e conseguiu piorar ainda mais.

Não bastasse o Frankstein aprovado pelo Congresso, nossa dignissima Presidente ainda vetou os dois únicos artigos que poderiam vir a salvar a lei, com justificativas escabrosas que denotam única e exclusivamente o poderio econômico-financeiro do governo, ao lugar do governo social que ela tanto pregou em sua campanha eleitoral.

Conforme a nova norma, o Judiciário passaria a contar com novos parâmetrros legais para negar o tratamento e assistência farmacêutica para patologias que não estiverem enquadradas nos limites prévios, sendo:
  1. produtos cuja prescrição esteja em conformidade com as diretrizes terapêuticas definidas em protocolo clínico; e/ou
  2. relações de medicamentos instituídas pelo gestor federal do SUS  ou, de forma suplementar, pelos gestores estaduais e municipais
Esta nova redação da Lei n. 8080/1990, cria a Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS, que será composto por um representante do Conselho Nacional de Saúde (CNS) e um representante, especialista na área, indicado pelo Conselho Federal de Medicina que será assessor do Ministério da saúde e terão o prazo de 180 dias, prorrogável por mais 90 dias, para incluir, excluir ou alterar um protocolo clínico ou diretriz terapêutica.

Neste caso, costumo usar o exemplo das anomalias vasculares, quando no em 17 de dezembro de 2010 foi publicado no Diário Oficial da União a Consulta Pública n. 43, para o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para Hemangioma. A data de de encerramento desta consulta aconteceu em 17 de janeiro de 2011. No edital havia muítas dúvidas e muitos tratamentos utilizandos por diversos especialistas aqui mesmo no Brasil, que foram enviados pela Abraphel e que até o encerramento deste artigo, não foi publicado ou se quer informado.

A falta de transparência da Secretaria de Atenção à Saúde é total. Não foi informado a data de início da pesquisa para o hemangioma e o único e-mail recebido foi o da diretora do DAE/SAS/MS, encaminhando a consulta para os técnicos da SAS como contribuição.

Diante desses fatos, sabe-se que é impossível que apenas UM representante do CNS e UM representante, mesmo que espelialista, do CFM sejam suficientes para, em seis meses, conseguir dar conta de inúmeros protocolos clínicos, sabendo-se que existem mais de oito mil tipos de doenças raras e um sem números de associações ávidas por informações e para que seus casos sejam vistos com máxima urgência.

A salvaguarda dos portadores de doenças raras continua sendo os Artigos 5° e 196 da Constituição Federal de 1988, que garante o direito dos cidadãos brasileiros e estrangeiros residentes no País a “inviolabilidade do direito à vida”.e que “A saúde é direito de todos e dever do Estado”. E em se tratando da matéria de Direito Constitucional, o que aprendi nos três anos em que cursei direito, é que nenhuma lei infraconstitucional poderá reverter o que manda a Carta Magna e que o Judiciário será o caminho mais rápido para garantir nosso direito à vida.

4 de jun. de 2011

Entrevista no Programa do Jô

Ah, esqueci de contar aqui que fui entrevistado no Programa do Jô, onde falei sobre hemangiomas e outras anomalias vasculares... o programa foi ao ar no dia 18 de maio (3 dias depois do dia do hemangioma).

Quem ainda não viu pode ver...


24 de mai. de 2011

Cirurgia pioneira no tratamento da síndrome de Sturge-Weber




          A síndrome de Sturge-Weber é uma doença neurológica rara que provoca convulsões frequentes. Trata-se de uma doença congénita provocada pela má formação dos vasos de um dos lados do cérebro. A doença é acompanhada de convulsões e de problemas na aprendizagem.


          Geralmente, o tratamento desta doença é feito através de medicamentos anti-convulsionantes, terapia física, cirurgia plástica e vigilância dos sinais de glaucoma.


          Um grupo de médicos britânicos “desligaram” metade do cérebro de uma menina de um ano portadora dessa doença, através de uma cirurgia inédita.


          Na  cirurgia, os médicos desligaram o lado afetado do cérebro da menina. Esta cirurgia foi realizada no hospital pediátrico de Great Ormond Stret, em Londres.


         Segundo  a mãe, depois da cirurgia, a menina  é “uma criança totalmente diferente”. Angelina é bastante “activa” e a família pode finalmente ter uma vida normal. “Desde a operação, nunca mais teve convulsões”, contou a mãe.


Fonte: notícia do jornal português IPJornal

21 de mai. de 2011

Momento “nossa língua portuguesa”


          Alguns amigos fizeram uma observação sobre a palavra "malformação" vascular, que utilizei algumas vezes (tá, foram várias) na minha entrevista no Programa do Jô, e disseram que o correto seria utilizar "má formação".

          Confesso que fiquei curioso e preocupado por ter falado várias vezes uma palavra errada, ao mesmo tempo em que tinha certeza de tê-la utilizado corretamente, pois já lera em vários artigos médicos.

          De acordo com vários artigos médicos, o termo malformação vascular define um grupo de lesões vasculares, categorizadas conforme a natureza dos canais vasculares (capilares, arteriais, venosos ou linfáticos).

          Minha amiga e professora de Língua Portuguesa, Andréa Motta, a pedido meu, foi pesquisar o termo e viu que a palavra malformação está correta e consta no VOLP (Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa) da Academia Brasileira de Letras, na página 520.

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          Depois que publiquei esse post e coloquei no Facebook, minha amiga e médica mais que especialista em malformações vasculares, Dra. Heloisa Campos, deixou o seguinte comentário que faço questão de colocar aqui:

Valerio, Malformação está correto, assim como má-formação (com hífen).Veja o comentário de um médico e estudioso da lingua portuguesa, Simônides Bacelar: "Ambos os nomes, má-formação e malformação, são aceitos na linguagem padrão. Malformação é a forma comumente usada na linguagem médica. Mal formação ou mal-formação são escritas incorretas. Os advérbios (mal, bem) estão essencialmente para os verbos: mal formado, mal estudado, mal escrever. Os adjetivos (mau, má, bom, boa) são usados como adjuntos qualificativos dos substantivos: mau sinal, mau prognóstico, má conduta, má operação, bom dia, boa tarde."

20 de mai. de 2011

Memórias do meu hemangioma: o que não contei ao Jô - Parte 2






          Desde que comecei a trabalhar, percebi que estava mais exposto a diversas situações e que, a partir de então, nada mais seria como antes. As formas de abordagem seriam maiores, minha exposiçao seria constante assim como as abordagens das pessoas.
           Lembro de uma cena hilária. Estava na agência do banco Bamerindus, lá na Rua Boa Vista...Uma agência comprida, onde pra pegar a fila a gente quase que tinha de pegar um táxi pra chegar no fundo da agência...Já tinha feito todos os meus serviços, cumprimentado todos os funcionários - continuava cara de pau, naquela época... conversava com todo mundo, brincava... era “só alegria” - e já estava me dirigindo pra saída, quando ouvi alguém gritando lá no fundo “Alemão, alemão...”. Voltei-me para atrás e vi um gordinho correndo, se “esgoelando” todo, fazendo gestos para eu parar... Fiquei lá plantado, esperando o cara chegar, pensando que fosse algo importante... Ele chegou todo esbaforido: “Cara, eu pedi pra você esperar por que queria saber o que é isso na tua cara... Sua mãe ficou com vontade de comer alguma coisa?”. Comecei a dar risada do mico que o cara estava pagando e respondi “Sim, e pelo tamanho, devia ser uma melancia bem grande”, virei e fui embora dando risada.

          Outra cena memorável de fila de banco de que me lembro aconteceu na agência do Banespa, na rua Tutóia. Uma senhora estava com o neto, que devia ter uns três anos - criança é sempre sincera e curiosa. O menino me viu e foi direto pra avó perguntar “Vovó, o que é aquilo na cara do moço?”. Ela pegou o menino no colo e disse “Fica quietinho que isso é coisa que pega em curioso...”. Virei pra ela, na minha total cara de pau e lasquei bem alto “Vovó, cuidado que a senhora também vai pegar, hein? Tá curiosa que eu sei...”. Ela ficou com tanta vergonha que foi embora do banco com o menino no colo e eu fiquei dando risada.
          Tem também as histórias nos coletivos (ônibus e metrô). Hoje isso é mais difícil de acontecer, acredito até que seja pela evolução da sociedade, mas na época, uma das coisas que me divertiam era sentar com meu lado direito voltado para o acento do lado. Era batata! As pessoas não sentavam... tinham medo! Mas, às vezes, quando também não estava muito a fim de ver pessoas, naqueles momentos em que estamos revoltados com o mundo, fazia isso para me ver livre, ficar só... era o lado negro da força!
          A adolescência também tem aquele lado poético do primeiro amor, do primeiro beijo, da primeira paixão... mas eu era tímido ao extremo... aliás, minha vida era de um extremo ao outro: era um tremendo cara de pau para muitas situações, e um tremendo fracassso pra chamar uma menina pra sair. (como diria o Charlie Brown, quê pôxa). Era o medo de ser rejeitado! Nunca cheguei a um consenso se eu era tímido porque eu era tímido, ou se tinha relação com o hemangioma, mas... a vida continua até que consegui namorar pela primeira vez com 19 anos e depois disso namorei mais algumas vezes até conhecer minha esposa, com quem estou há 14 anos.
          Depois de adulto tive também momentos mágicos, como o de uma criança de uns três anos, parente do meu cunhado, que numa festa me viu e foi logo falando “Ah, ele tem essa manchinha porque ele tava lá no céu brincando de massinha com os anjinhos... ele sujou o rosto, mas daí teve que vir correndo pra terra e não deu tempo pra limpar”. Essa passagem foi a mais mágica em toda minha vida! Foi algo muito singelo, muito pura!
          Também teve momentos estranhos. Desde o princípio da internet, lá pelos idos de 1995, 1996, sempre participei de salas de bate-papo. Naquele tempo era difícil ter uma foto digitalizada... mas consegui escanear uma foto... só tinha uma! Também não existia o msn... naquele tempo o comunicador era o ICQ. Daí conheci uma moça, começamos a conversar no bate papo (“quer tc daqui, quanto anos de lá, de onde tecla acolá...” e todo aquele papo cibernético). Trocamos ICQ e ficamos conversando por várias horas até que, ela pergunta se eu tenho foto... mandei minha foto pra ela, a moça abriu e respondeu “credo, o que é isso?”. Ela ficou offline do ICQ e acho que deve ter tido um treco, pq nunca mais a vi em lugar nenhum!
          A partir de então, com a solidificação da internet, criação de grupos de discussão, primeiras páginas caseiras, é que tive contato com um grupo no Yahoo em 2002. Me inscrevi e dali surgiram as primeiras pessoas falando sobre hemangiomas e locais para tratamento. Daí em 2004 tivemos nosso primeiro encontro e idealizamos a criação de uma associação de pacientes. Surgiu, então, a Abraphel!

19 de mai. de 2011

Vídeo da Graziella Moretto sobre maquiagem para hemangiomas





Ontem, durante minha entrevista ao Programa do Jô, foi apresenado um trecho do vídeo da atriz Graziella Moretto (madrinha da Abraphel) dando dicas de maquiagem para pessoas com hemangioma plano (malformação capilar).

Este vídeo foi apresentado oficialmente no VII Encontro de Pessoas com Hemangiomas e Linfangioas, que ocorreu no dia 15 de maio (dia intenacional do hemangioma), em São Paulo, data que coincide com o aniversário da Graziella.

Hoje o vídeo foi disponibilizado no Canal da Abraphel no Youtube. Confira!


Memórias do meu hemangioma: o que não contei ao Jô - Parte 1



Tudo começou lá nos idos da guerra fria, no auge do governo militar, quando a porrada comia solta... O ano era 1970 e alguma coisa, mês de março, dia seis... nasci às 23:40h... bem na hora de ir pra balada (ou melhor, estar na balada).
Logo depois daquele processo complicado que deve ser o nascimento, passado todo o esforço da minha mãe, fui lá eu visitá-la, carregado pela enfermeira, que pergunta a ela, com toda delicadeza peculiar de algumas pessoas:
- O médico te falou que ele nasceu com um mancha no rosto?
Ao que minha mãe responde:
- Não!
Quando ela olha, toma aquele susto de quem viu fantasma, e diz:
- Meu Deus, ele caiu do berço?
- Ah, que nada, é uma coisinha simples.
E minha mãe singela diz pra enfermeira:
- Bem que ele poderia nascer de novo sem essa mancha, né?
E lá se vai o primeiro comentário preconceituoso... vindo da minha própria genitora!
Alguns dias depois, após muitas idas e vindas ao hospital, tenta-se achar o motivo pelo qual eu tinha nascido com “aquela mancha”.
Minha futura madrinha de batismo lembrou que minha mãe tinha ficado com vontade de comer melancia - mas na época,  não sei qual era a relação da melancia com a febre tifo, mas ninguém queria comer com medo da tal doença. Realmente minha mãe teve grande vontade, mas resolveu não arriscar - e minha madrinha concluiu que a profecia das vontades das gestantes tinha se cumprido!
Acho que se você perguntar para cem pessoas o que mais incomoda em ter um hemangioma, a resposta das cem será: as pessoas inconvenientes que perguntam “o que é isso que tem na sua cara, hein?”, “sua mãe ficou com vontade comer alguma coisa quando ‘tava’ grávida de você?” e coisas do tipo.
Minha infância não foi diferente: as abordagens eram sempre as mesmas, e as respostas idem!
E a peregrinação aos médicos? Coisa horrível! Cada um falava uma coisa diferente, com conclusões diferentes, mas todos eram unânimes em dizer “Nunca mexa, nunca corte, nunca opere”. Acredito que isso foi importante para nunca fazer nada arriscado, como uma operação.
A fase da escola também foi bem enriquecedora. Os apelidos carinhosos dos amigos sempre foram marcantes: televisão, mitsubishi, arara colorida, arco-íris de duas cores, mancha, chapolin colorado. Era uma graça! Hoje esses apelidos estão bem na moda: bulliyng! Mas sobrevivi muito bem a essa experiência, mesmo porque sempre fui um cara de pau.
Hoje sou budista, mas na minha infância fui criado na igreja Presbiteriana. Naquele tempo, cheguei a ficar revoltado algumas vezes com Deus, com minha família... Olhava pro espelho e dizia “Deus, se você existe, tira essa mancha do meu rosto agora”. E a ira d’Ele se voltava contra mim, na forma da surra que minha mãe dava ao ouvir  isso!
Como dizem,  a vida imita a arte (e a música): “Daí veio a adolescência e pintou a diferença...”. Então, aprendi a beber, deixei o cabelo crescer e decidi trabalhar... A ditadura já tinha acabado, a democracia começava a reinar e um dos meus primeiros trabalhos foi na campanha presidencial de 1989, por intermédio do meu amigo Valdermar Rosendo, que sempre foi um eterno candidato a qualquer coisa (até de síndico do prédio). E lá tive contato com meu primeiro emprego com registro em Carteira, no escritório de advocacia do saudoso e falecido Dr. Everaldo José Faria. Trabalhava de office-boy, mas com registro de Auxiliar de Escritório (um status para a época).
Foi lá que aprendi a andar na cidade, pegar ônibus, metrô, levar marmita e ter contato com o mundo externo, sempre levando comigo a dura realidade das perguntar inconvenientes, fosse no ônibus, metrô, fórum, filas do banco...: “O que é que você tem na cara, hein? Sua mãe ficou com vontade de comer alguma coisa quando ‘tava’ grávida de você?”.

30 de abr. de 2011

Piada sem graça



O Fernando Bassette, do Jornal O Estado de S. Paulo, publicou uma matéria muito interessante sobre o aumento de 5.000% das ações contra o governo, para custeio de medicamentos de alto custo (leia aqui).


De acordo com a matéria, foram gastos cerca de R$132 milhões para compra de medicamentos, solicitados através de ações judiciais, com algo em torno de 3,4 mil ações judiciais impetradas no ano de 2010.


De acordo com a reportagem, este valor equivale a 1,8% do orçamento para a área da saúde, mas que numa análise simplista, não representa quase nada, tendo em vista que cerca de 8% da população é portador de algum tipo de doença rara. Além disso, ao se comparar o custo efetivo de cada um dos 70 deputados (algo em torno de R$2 milhões/ano cara um) e 81 senadores (mais de R$1,7 milhão/ano para cada um), fecharemos a conta do congresso em mais de R$275 milhões gastos anualmente, o que dá uma média de R$1,8 milhão por parlamentar, contra R$39 mil por paciente.


Lembro que em 2008 o governo tentou acabar com o que eles chamavam de "máfia das ONGs/Laboratórios", julgando ser um grupo isolado de associações, médicos e advogados fajutos que deram algum prejuízo ao governo (algo que existe em todas as áreas), e tirar da população a garantia de poder fazer valer o direito à vida. 


Por sorte o presidente do STF na época, Ministro Gilmar Mendes, acabou sendo iluminado, convocou uma audiência pública e constatou que as ações judiciais contra a saúde, em sua grande maioria, eram de pessoas idôneas e que realmente precisam dos remédios preteridos.


Meu desejo é que se gaste cada vez mais com saúde. Que as ações cresçam mais 100.000% se preciso for, até que o governo tome uma atitude séria e acabe de vez com essa dificuldade  de conseguir remédios e tratamentos para as doenças raras. Que a população se fortaleça e se informe cada vez mais, para que as conquistas sejam reais e plenas, forçando o governo a mudar sua posição em relação à real necessidade e não apenas medidas paliativas.

24 de abr. de 2011

O Óleo de Lorenzo


Hoje assisti o filme 'O Óleo de Lorenzo' e recordei o meu dia-a-dia, na luta com muitas famílias que têm filhos com algum tipo de doença rara.

Só quem passa por isso sabe realmente como é: as lutas, as dificuldades, as dores em ver seu ente querido sofrer sem ter uma explicação lógica ou científica, as burocracias e entraves e a infraestrutura pecária, principalmente no Brasil, de acesso ao tratamento, à informação. à saúde...

Em muitos casos, além de sofrer tudo isso, a família ainda é obrigada a conviver com o preconceito das pessoas, com o desconhecimento, com a ignorância, com o desdém, com a incapacidade de ser humano, de compartilhar afeto, atenção, compreensão...

Para os que nunca passaram por essas situações, meu conselho é que assistam ao filme e compartilhem um pouco desse sofrimento. Que vejam um pouco além de "sua caixa" ou de "sua janela".

Para os que já viram, tentem recordar as cenas e pensem um pouco nos parágrafos anteriores.

O filme está na integra no Youtube, no link abaixo.

Assista e compartilhe com outras pessoas.




22 de abr. de 2011

Ser oposição



"De tanto ver triunfar as nulidades,
de tanto ver prosperar a desonra,
de tanto ver crescer a injustiça,
de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus,
o homem chega a desanimar da virtude,
a rir-se da honra,
a ter vergonha de ser honesto".
(Rui Barbosa)
Recebi este texto que dizem ser de autoria de Ruy Barbosa. Apesar de já batido pelas mensagens que vão e que vêm nos e-mails, blogs e futilidades afins, mais do que nunca retrata a atualidade na política nacional, de um texto com praticamente cem anos (dizem ser de 1914) e que, desde sempre, percorre os percalços de nossa nação, é tão atual, tão verossímil com nossa realidade.

Para Ruy Barbosa, a grande decepção de sua vida foi trabalhar em vão para mudar a realidade brasileira. Isso pode ser visto muito bem em sua biografia, como na reflexão feita no discurso “Oração aos moços”, em que se mostra vencido quando diz “Desde 1892 me empenhava eu em lutar com esses mares e ventos. Não os venci. Venceram-me eles a mim.”.
A cada dia penso no que vem acontecendo à política no Brasil: a tentativa desenfreada, o lulopetismo em erradicar a oposição, seja ela qual for!
Acabei de ler o polemizado texto de Fernando Henrique Cardoso, intitulado “O papel da oposição”, que foi escrito originalmente na década de 1970, e me lembrei de uma célebre frase de Eça de Queirós “Os políticos e as fraldas devem ser mudados frequentemente e pela mesma razão”.
O texto foi duramente criticado e muito mal interpretado pela imprensa, mas não existe verdade maior do  que a feita por FHC ao questionar o principal partido de oposição em relação ao seu papel atual na política atual. Atualmente, o PSDB não faz nada além de bater cabeça, tentando esconder seu glorioso passado.
No passado, Ruy Barbosa era a oposição tentando mostrar o que realmente seria bom para o desenvolvimento do país. Era objetivo, prático e tinha um posicionamento correto como oposição: sabia o que queria e o que era importante. Hoje a oposição está perdida, confusa, sem valores e sem discurso ou proposta, sem posicionamento de como deve ser o Brasil.

Certa vez, o ex-presidente de Portugal, Mário Soares, disse uma verdade: “Um governo precisa de uma oposição forte e estruturada, porque, senão, o governo pode dizer que não há alternativa e que pode fazer o que quiser.”.

Espero que com esse “chacoalhão” de FHC, a oposição reconheça seu papel e o faça decentemente.

14 de abr. de 2011

Vaga de emprego na Secretaria de Agricultura de SP


Desde dezembro de 2010, quando o atual secretário em exercício (?), João Sampaio de Almeida Filho, resolveu que deixaria a pasta, os funcionários, produtores rurais, partidos políticos e a imprensa vêm questionando quem seria seu sucessor.

Na época, o recém eleito governador Geraldo Alckmim, convenceu Sampaio a continuar na pasta, mas depois de muitas discussões e matérias na imprensa sobre um possível sucessor, ele (Sampaio) acabou decidindo em meados de março que realmente deixaria a pasta.

Desde então, na Sede da SAA não se fala em outra coisa que não seja sobre o assunto. O desânimo é latente nas pessoas e a ansiedade toma conta desde o alto escalão até o mais simples funcionário.
                

Dizem até que, assim que for escolhido o novo Secretário, da mesma forma como acontece num conclave para escolha dos papas, será dado um sinal de fumaça branca na chaminé da lanchonete (foto acima), com o funcionário mais velho da SAA comunicando em latim “habemus secretarium”.

Vamos acompanhar!

8 de abr. de 2011

Novidades da semana




Esta semana, surgiram algumas novidades na área da saúde, como a apresentação do projeto de lei para criação do dia nacional de doenças raras, apresentada na Comissão Permanente de Direitos Humanos e Legislação Participativa, pelo Senador Eduardo Suplicy (informação da minha amiga Adriana Dias, do Instituto Baresi).

Outra boa notícia é que o dia internacional do hemangioma (15 de maio) está bem próximo. E nós da Abraphel resolvemos fazer dois eventos para comemorar esse dia: o workshop sobre hemangiomas e outras anomalias vasculares para pediatria, voltado para médicos e profissionais da rede pública de saúde, que será realizado no dia 14 de maio, na Câmara Municipal de São Paulo. O outro evento é o nosso famoso encontro dos pacientes, familiares e amigos com hemangiomas e linfangiomas, que está em sua sétima edição e será realizado no dia 15 de maio (domingo), com local ainda a ser definido.

O tempo passa, o tempo voa...


Quem tem um pouquinho mais de 30 anos deve lembrar da musiquinha do comercial do Banco Bamerindus "O tempo passa, o tempo voa, e a poupança Bamerindus continua numa boa...". Pois até o Bamerindus voou e nem existe mais, pois foi comprado pelo HSBC.

Mas esse post não é para falar de Bancos e, sim, para falar do tempo que voa demais pois quando menos olhamos, já estamos no segundo trimestre do ano, mas a sensação é que o natal e ano novo parece que foi na semana passada.

As notícias dessa primeira semana quase que me passaram despercebidas: em economia agrícola, tivemos o fechamento da quadrissemana do mês de março, que encerrou em alta de 3,32%, seguindo o ritmo de alta que vem a muito tempo, para tirar o sossego dos assalariados como eu. A duas semanas, tivemos o fechamento da balança comercial dos agronegócios paulista do primeiro bimestre do ano, que também fechou em alta (16,8%), apesar de ter ficado abaixo da média brasileira (30,2%).

Outro artigo que chamou bastante atenção da imprensa na semana passada, foi a representatividade das exportações do agronegócio dividido por regiões, onde tirando o município de São Paulo que encabeça a lista, tivemos Araraquara, Jaú e Barretos nas primeiras colocações, com participações de 7,98%, 7,68% e 6,25% respectivamente. 

20 de mar. de 2011

Encontro dos Profissionais de Pesquisa Clínica



Ontem tive a oportunidade de participar do XII Encontro Nacional dos Profissionais de Pesquisa Clínica, cujo  tema  “Pesquisa Clínica e o Novo Governo”. O Encontro foi promovido pela Sociedade Brasileira de Profissionais em Pesquisa Clínica (SBPPC) e posso dizer que minha impressão sobre o empenho e dedicação dos profissionais foi  confirmada hoje.

Em novembro de 2010, fui convidado por eles a ministrar  uma palestra sobre a visão do representante do sujeito de pesquisa para o Simpósio de Ética em Pesquisa, também organizado pela SBPPC e, desde então, tenho me alegrado bastante com os trabalhos e debates promovidos pela instituição e, hoje, pude ter certeza da consistência de seus trabalhos.

O evento foi fantástico, desde a organização, os estandes dos patrocinadores, o coffee break, as atendentes e recepcionistas. Os palestrantes também foram muito bem escolhidos e passaram com tranquilidade todas as mensagens propostas no programa. Aliás, um programa com uma proposta excelente!

De todas as palestras, a que mais me chamou a atenção foi a Conferência Magna do Dr. Gonzalo Vecina Neto, um homem com uma visão macro dos reais problemas (e soluções) brasileiros. Em uma hora, ele discorreu sobre as cinco principais tendências do Brasil para as próximas décadas, que compreendem diversas áreas de produção, sobre o que falou com precisão sobre as principais commodities produzidas no Brasil (que representam um terço do PIB brasileiro), bem como as oportunidades no contexto global em que o país está inserido.

Outro tópico importantíssimo da palestra do  Dr. Vecina Neto foi o desenvolvimento de pesquisas e a necessidade de investimentos governamentais e privados, mostrando que apesar do grande aumento nos investimentos por parte das agências de fomento - como CNPq, Fapesp, CAPES - é necessário que se tenha esse investimento multiplicado muitas vezes. Falou também sobre a importância da informação e seus avanços na era digital. Expôs sua  opinião  sobre a necessidade de se pensar nas tendências do Meio Ambiente e do tão falado “Capital Verde”, não como modismo, mas como  égide da sobrevivência do seres-humanos no planeta. Por último, falou sobre a importância de se rever o  papel do Estado, que “para se fazer um mundo novo é preciso repensar o atual”, sobre a premência de macromudanças, em busca de novos desafios, sobre desburocratização da máquina para agilizar as tomadas de decisão.

O objetivo do Encontro era justamente relacionar o evento à visão do Dr. Vicina Neto, aos outros temas abordados e à questão do desafio enfrentado pela presidente Dilma em relação à pesquisa em saúde, o que não será resolvido apenas com disponibilização de verbas para pesquisa, mas também com investimentos nas cinco áreas importantes do país: produção, pesquisa,  educação, meio ambiente e saúde.  Cabe a nós, brasileiros, debater um novo papel do Estado para aproveitar a onda de crescimento e deixarmos uma potência moderna e justa para as futuras gerações.

19 de fev. de 2011

Preços agrícolas sobem 1,18% na segunda quadrissemana de fevereiro


Notícia da Assessoria de Comunicação da APTA:
O Índice Quadrissemanal de Preços Recebidos pela Agropecuária Paulista (IqPR), que mede os preços pagos ao produtor rural, subiu 1,18% na segunda quadrissemana de fevereiro, de acordo com o Instituto de Economia Agrícola (IEA-APTA)  da Secretaria de Agricultura e Abastecimento. O índice de preços dos produtos de origem vegetal aumentou bem acima do índice geral, ou seja, 3,18%, enquanto o índice de preços dos produtos de origem animal caiu 3,80%.

Dos produtos analisados, 10 produtos apresentaram alta nos preços (nove de origem vegetal e um de origem animal), enquanto oito produtos sofreram queda (três de origem vegetal e cinco de origem animal). As altas mais expressivas ocorreram nos preços do tomate (38,35%); da laranja para mesa (14,04%); do café (8,93%) e dos ovos (5,67%).

Os preços do tomate subiram por conta das chuvas continuadas, que geraram perdas de colheita, com impacto conjuntural no abastecimento do produto numa situação de demanda aquecida e safra menor, dizem os pesquisadores Luis Henrique Perez, Danton Leonel de Camargo Bini, Eder Pinatti, José Alberto Angelo e José Sidnei Gonçalves. Já os preços da laranja de mesa refletem o impacto da demanda típica do verão sobre o consumo de sucos naturais, numa conjuntura de menor oferta. “Além disso, há a pressão da entressafra ´fisiológica da planta´, ofertando menor quantidade de frutas.”

Os preços do café elevaram-se devido às pressões da demanda internacional e aos menores estoques mundiais, segundo os analistas do IEA. Também no mercado interno houve crescimento do consumo, inclusive de cafés de melhor qualidade, o que impactou os preços.

A menor oferta de ovos, explicam os pesquisadores, foi desproporcional à conjuntura anterior de preços baixos, associada à pressão de demanda, em especial pela agroindústria de massas alimentícias e de panificação e confeitaria com a proximidade da páscoa e o incremento do consumo.

As quedas mais relevantes foram verificadas nos preços da banana (34,81%); da carne suína (16,23%); do arroz (11,41%); da carne de frango (6,81%) e do feijão (4,06%).

A íntegra da análise está disponível em http://www.iea.sp.gov.br.

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Com mais uma alta nos preços agrícolas, podemos concluir que os preços das commodities estão subindo e a chiadeira é geral, tirando os produtores, é claro! Já tem empresa por aí querendo repassar a alta nos custos para frente, com aumento de até 20%.


A grade pergunta do momento é: o que está acontecendo? Então vamos ver a entrevista do Dr. Sidnei, do IEA, que na semana passada falou sobre o fechamento da quadrissemana de janeiro.



29 de jan. de 2011

A “crise de alimentos” realmente existe?


No dia 24 de janeiro, o presidente da França, Nicolas Sarkozy, que também ocupa a presidência do G20  em  2011, apresentou uma proposta para a criação de um estoque mundial de alimentos devido ao aumento das commodities agrícolas nos últimos tempos (http://migre.me/3LVfg).

Além disso, o Foresight Report on Food and Farming Futures, agência britânica de estudos para agricultura e alimentos, publicou recentemente um relatório em que recomenda um aumento de 40% na produção de alimentos nas próximas duas décadas, a fim de se evitar o aumento da fome global (http://migre.me/3LVzT). O tema também foi endossado pelo presidente geral da FAO, Jacques Diouf, ao declarar que a crise alimentar para a qual o mundo está caminhando poderá gerar grande instabilidade política no futuro (http://migre.me/3LVzk).

Lembro muito bem que este assunto esteve em destaque em  2006 e 2007, quando se falava muito em crise de alimentos e também nos temas sustentabilidade e planeta verde; mas com a crise financeira desencadeada em 2008, esses temas tornaram-se secundários e, no momento em que a poeira parece estar baixando, voltam à tona.

O que aprendi nesses dois anos de trabalho no IEA, com pesquisadores como Luiz Henrique Peres, Celso Luis Vegro, José Sidnei Gonçalves e muitos outros é que, antes de tornar um assunto como certo, é preciso estudá-lo a fundo e saber o que realmente o fez chegar àquela situação, como por exemplo, o aumento de preços de comodities agrícolas internacionais ou mesmo, de uma cultura em específico. Em uma entrevista para o programa Mercado Futuro, do jornalista Antonio Reche, apresentada em outubro de 2007, José Sidnei Gonçalves tratou justamente desse tema, quando muitos economistas criaram um termo chamado “agrinflação”, para justificar o grande aumento nos preços dos produtos agrícolas. 


A ideia deste texto é justamente de chamar as pessoas (técnicos, economistas, pesquisadores, cidadãos) para o debate, mesmo sabendo que não  será para discutir apenas economia, mas também sustentabilidade, tecnologia, desastres naturais, dentre outros assuntos.

Esta semana propus à equipe de comunicação da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo  usar a estrutura da comunicação e trazer algumas personalidades para falar sobre o assunto e levar também para discussão na Rede CIGA.


Rede CIGA
A Rede CIGA (Célula de Inovação e Gestão do Agronegócio) é um projeto originado na CODASP, e que tem por objetivo de implantar uma Célula de Inovação na Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo para disseminar a utilização de conceitos e ferramentas da web 2.0 e fomentar a discussão e práticas de inovação na Gestão do Agronegócio no Brasil.

Conheça mais sobre a Rede CIGA em http://www.redeciga.ning.com.


24 de jan. de 2011

Novos Horizontes na SAA


Novos Horizontes

Na última sexta-feira, fui convidado para integrar a equipe técnica do Grupo Setorial de Planejamento, Orçamento e Finança Pública, antigo Grupo de Planejamento Setorial - GPS, da SAA-SP, com o objetivo de construir um plano de divulgação de resultados, relatórios e todo trabalho desenvolvido pelo grupo, através da elaboração de um website e outras ferramentas de divulgação online.
O convite surgiu de forma inusitada por parte do coordenador do grupo, José Sidnei Gonçalves, que também é pesquisador do IEA, no momento em que fazia uma reunião com ele, referente à sondagem que estou fazendo junto aos colaboradores do IEA, com intenção de criar uma proposta de reformulação no site da instituição, que possibilite fomentar parcerias estratégicas para divulgação dos dados produzidos no IEA.
Ao colocar subjetivamente as ideias da reformulação, José Sidnei ficou tão entusiasmado, que resolveu compartilhar sua intenção de também fazer um site para o grupo setorial e me propôs trabalhar com ele na construção do portal.


Grupo Setorial de Planejamento, Orçamento e Finanças Públicas

    Criado originalmente pela Lei n. 9.362/66 e pelo Decreto n. 36.995/93, foi alterado recentemente pelo Decreto n. 56.149/10, passando a chamar Grupos Setoriais de Planejamento, Orçamento e Finanças Públicas.
    Além da Procuradoria Geral do Estado, todas as Secretarias de Estado contam com um Grupo, que é composto por 4 membros, sendo 2 representantes da Secretaria de Estado, 1 representante da Secretaria de Economia e Planejamento e 1 representante da Secretaria da Fazenda, além de uma equipe técnica integrada por servidores públicos estaduais.
    O objetivo da criação e do aperfeiçoamento desses grupos é garantir a transparência das ações e das contas públicas do Estado. Dentre todas as funções dos Grupos Setoriais de Planejamento, as principais são a coordenação das atividades inerentes a planejamento, orçamento e finanças públicas, além da elaboração das propostas setoriais (Plano Plurianual, Lei de Diretrizes Orçamentárias e Orçamento Anual), além de aprovação de programas e ações, gerenciamento da execução física e financeira dos programas setoriais, orientação das unidades gestoras, dentre várias outras estipuladas no Decreto n. 56.149/10.