22 de abr. de 2011

Ser oposição



"De tanto ver triunfar as nulidades,
de tanto ver prosperar a desonra,
de tanto ver crescer a injustiça,
de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus,
o homem chega a desanimar da virtude,
a rir-se da honra,
a ter vergonha de ser honesto".
(Rui Barbosa)
Recebi este texto que dizem ser de autoria de Ruy Barbosa. Apesar de já batido pelas mensagens que vão e que vêm nos e-mails, blogs e futilidades afins, mais do que nunca retrata a atualidade na política nacional, de um texto com praticamente cem anos (dizem ser de 1914) e que, desde sempre, percorre os percalços de nossa nação, é tão atual, tão verossímil com nossa realidade.

Para Ruy Barbosa, a grande decepção de sua vida foi trabalhar em vão para mudar a realidade brasileira. Isso pode ser visto muito bem em sua biografia, como na reflexão feita no discurso “Oração aos moços”, em que se mostra vencido quando diz “Desde 1892 me empenhava eu em lutar com esses mares e ventos. Não os venci. Venceram-me eles a mim.”.
A cada dia penso no que vem acontecendo à política no Brasil: a tentativa desenfreada, o lulopetismo em erradicar a oposição, seja ela qual for!
Acabei de ler o polemizado texto de Fernando Henrique Cardoso, intitulado “O papel da oposição”, que foi escrito originalmente na década de 1970, e me lembrei de uma célebre frase de Eça de Queirós “Os políticos e as fraldas devem ser mudados frequentemente e pela mesma razão”.
O texto foi duramente criticado e muito mal interpretado pela imprensa, mas não existe verdade maior do  que a feita por FHC ao questionar o principal partido de oposição em relação ao seu papel atual na política atual. Atualmente, o PSDB não faz nada além de bater cabeça, tentando esconder seu glorioso passado.
No passado, Ruy Barbosa era a oposição tentando mostrar o que realmente seria bom para o desenvolvimento do país. Era objetivo, prático e tinha um posicionamento correto como oposição: sabia o que queria e o que era importante. Hoje a oposição está perdida, confusa, sem valores e sem discurso ou proposta, sem posicionamento de como deve ser o Brasil.

Certa vez, o ex-presidente de Portugal, Mário Soares, disse uma verdade: “Um governo precisa de uma oposição forte e estruturada, porque, senão, o governo pode dizer que não há alternativa e que pode fazer o que quiser.”.

Espero que com esse “chacoalhão” de FHC, a oposição reconheça seu papel e o faça decentemente.

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